Como o Rolando Boldrin costuma dizer, é um cara que *foi antes do combinado*. Tô falando do meu grande chapa, meu irmãozão, copoanheiro bacana: Pérsio Assunção. Há algum tempo, ganhei de presente de outro grande camarada, o Carlinhos Guedes uma pérola inestimável: o LP (sim, em vinil) *Língua de Violeiro*, gravado em 1990, com a participação de mais uma cambada de gentes bacanas. Com a ajuda de mais um camarada (tô cercado de gente boa), o Lucaz, coloco no ar um material que (acho) até então estava inédito aqui nas internetes: com vocês, Festa na Fazenda, Cantos de Minas, Vagabundo Pés, Lua, Língua de Violeiro, Como será cinza o meu vale, Cheiro de amor, Amor de morena, Causo do boi cansado, Boi cansado. E ofereço, de coração, à minha querida Rose.
Mais sobre o Pérsio, aqui.
Com certeza você conhece esse rótulo, mas com outro nome. Bom, se os gringos quiserem fazer justiça (difícil...), esse é o verdadeiro nome de um dos uísques mais consumidos no mundo. (Parênteses: uísque ou bourbon? Sei que todo bourbon é uísque, mas nem todo uísque é bourbon. Ok, brindemos, de qualquer maneira.)
Deixo a Hypeness contar o causo:
Você provavelmente nunca ouviu falar de Nearis Green, um escravo negro de uma destilaria nos Estados Unidos em meados do século XIX. Mas certamente você já ouviu falar do então jovem Jasper Daniel, mais conhecido como Jack Daniel que, 150 anos atrás, começou uma marca de uísque. O que ninguém sabe é que foi Nearis quem ensinou tudo a Jack. Aos poucos a verdadeira história do uísque mais vendido do mundo (e de uma das marcas mais icônicas dos Estados Unidos) vai revelando que quem estava por trás da receita e das técnicas de destilação do Jack Daniel’s era um escravo. [>> segue]
Quem me repassou a novidade, que nem é tão nova assim, foi o brôu Marcelo -- que também é o autor da arte do novo rótulo. E vem dele, também, a dica do post da Lana, que emenda outro causo aí:
Sabe aquele típico causo, quando um cantador-contador relembra quando e como foi feita determinada música? E, em se tratando de uma canção que faz parte do repertório popular, ganha um tom quase que familiar pra quem ouve o causo. Foi o que aconteceu em abril, no EducaMais Jacareí, num show memorável do meu camarada Tuia Lencioni, lançando o CD 'Reverso Folk', com as participações especialíssimas do Tavito, Guarabyra e Zé Geraldo. Lá pelas tantas, o Guarabyra soltou o causo. Deixemos que ele conte.
Íntegra do show pode ser (re)vista aqui, num oferecimento da TV Câmara Jacareí.
Lá nos longínquos 80's e 90's, lá em Guará, havia uma galera que produzia uns programas independentes e alternativos de rádio, only rock'n'roll. Tudo ao vivo, com uma boa (over)dose de improviso. Invariavelmente, o estúdio da rádio era 'invadido' por uns & outros, que sempre davam um pitaco aqui e ali e interferia na 'programação' -- que, na verdade, era uma grande brincadeira. Patrocínio? Eram amigos que se cotizavam pra comprar o horário da rádio, e olhe lá...
Um dos mais expressivos foi o 'Ressonância', esse aí que eu 'vesti a camiseta', numa foto lá dos tempos da faculdade de botecos antigos, ao lado dos comparsas de República Marcos Correa e Marcelo Pedroso.
E no último sábado parte desses dinossauros se reuniu nos estúdios da 97,1 FM pro 'Ressonância Especial Quando a Rádio Era Rock': Luiz Carlos Verza, Beto Branco, Luciano Amazonas e Petrônio Vilela -- são os quatro elementos aí da foto mais abaixo.
Mas, com vocês, seguem aí quase três horas com as mais variadas expressões do rock:
Eu, Marcos & Marcelo
Luiz Carlos, Luciano Amazonas, Petrônio e Beto Branco
Segundo clichê: com a valiosíssima colaboração do Luís Ricardo, seguem os nomes dos responsáveis culpados pelos programas:
Terceiro clichê: e o post atiçou a prodigiosa memória do meu irmão, o Marcelo, que manda mensagem e o link pra *Amanhã*, do Caetano:
*sobre o *Comando Brasil*: o programa rolava aos sábados à noite, e essa foi uma que eles tocaram num dia 31 de dezembro, quase certeza que foi 1988*
Me assusto, claro, e pergunto se houve algo marcante naquela noite, enquanto confiro no Google em que dia da semana caiu aquele tal de 31/12/88 -- é, foi um sábado! E ele, como se fosse a coisa mais óbvia e clara do mundo:
*31 de dezembro, um sábado, eles tocaram *Amanhã*, do Caetano. O Oldemar ainda falou uma mensagem de ano novo antes da música. Saímos do programa, fomos pra casa cear e depois, Itaguará.
Ele se refere ao Itaguará Country Clube, palco de réveillons obrigatórios -- só não digo também *inesquecíveis* porque, invariavelmente, o ano começava com um certo teor etílico algo acima do normal, o que frequentemente provocava amnésia...
Erramos: Marcelo também acaba traído pela memória prodigiosa -- ele me chama e avisa:
*ah, uma lembrança que me veio ontem, vale a correção: a versão de *Amanhã* que o Oldemar tocou no programa foi do Guilherme Arantes, e não do Caetano.
Então, taí:
Mas, ainda assim, fiquemos também com o Caetano, e com a bela lembrança do Marcelo:
Que a língua é viva e tem dinâmica própria a gente já sabe. E vive e se multiplica e se replica independentemente e à revelia e contra as regras academicistas. Por isso é linda e apaixonante e, por si mesma, inspiradora. Que o diga o Mestre-maior-de-todos, Guimarães Rosa:
*De certo que eu amava a língua. Apenas, não a amo como a mãe severa, mas como a bela amante e companheira... Mas ainda haveria mais, se possível...: além, dos estados líquidos e sólidos, porque não tentar trabalhar a língua também em estado gasoso?* João Guimarães Rosa, em carta a João Condé (1946)
Claro que não resisto a citar o Rosa, ainda que impunemente, em um textinho gasoso e improvisado como esse. Improviso e gambiarra que também são ingredientes dessa alquimia que (re)transfigura a língua permanentemente. Ou: ó p'cê vê..
Mas isso porque, por intermédio ou culpa do mestre Sergio Léo, fico sabendo da deliciosa história do delicioso causo do surgimento da palavra *petaloso*, em italiano. Mestre SLeo invoca o *não-preconceito linguístico*, com propriedade, o que não tira o sabor e o colorido da poesia que nasceu de um *belo erro* (transgressão voluntária ou não) e da sensibilidade da professora: *petaloso* foi criada por Matteo, de 8 anos.
“Petaloso”. Esta é a mais nova palavra do idioma italiano e foi criada por um menino de 8 anos de idade, em um “erro” escolar. O curioso caso gerou tanta repercussão na Itália que até o primeiro-ministro, Matteo Renzi, e a montadora Fiat já adotaram a expressão, que significa literalmente “ter muitas pétalas”, mas se refere a algo “bonito”. Matteo, filho do casal Lisa e Marco, escreveu a palavra “petaloso” durante uma aula na escola primária “Marchesi”, localizada na cidade de Copparo, região da Emilia Romagna. A palavra foi bem vista pela professora Margherita Aurora, de 42 anos, que divulgou a criação de Matteo.
Em poucas horas, “petaloso” já despontava nos trendings topics do Twitter e do Facebook. “Matteo foi muito inteligente, mas isso poderia ter acontecido com qualquer outra criança da turma, pois eu sempre tento desenvolver nos meus alunos uma certa fantasia, criatividade. Acredito que o que aconteceu tenha sido fruto do trabalho que fazemos todos juntos”, disse Aurora.
De acordo com a professora, a palavra surgiu durante uma atividade sobre adjetivos. O menino escreveu “petaloso” para definir a palavra “flor”. Apesar de Aurora circular o termo com uma caneta vermelha para sinalizar o “erro”, acrescentou um comentário na correção para estimular a criança: “belo”. “Apesar da palavra não existir, gostei dela. Por isso, recomendei enviá-la à Academia Crusca para uma avaliação”, explicou Aurora. Após analisar o novo termo, a Academia admitiu que a palavra pode ser incorporada ao idioma italiano caso seu uso passe a ser recorrente.
Matéria original da Ansa:
Menino de 8 anos inventa nova palavra no idioma italiano
"Petaloso" já foi usada pelo premier Renzi e pela FCA
Se a criatividade e liberdade e *molecagem* do Matteo e das crianças são naturais, consolo-me por saber que esse mesmo espírito lúdico pode -- e deve! -- ser preservado. E a gente brinca e tem o privilégio de respirar e compartilhar os ares e paisagens de algumas *crianças*. Claro que, obviamente, há ares e lugares e paisagens que favorecem a proliferação de certas espécies especiais, estas, por sua vez, genitoras de espécimes sui generis e endêmicos como um Marquinho Rio Branco. Há outros diversos, nascidos e criados em bambuzais e amamentados em alambiques imemoriais, alguns até que camaleonicamente se disfarçam de professores ou fotógrafos ou jornalistas ou açougueiros ou advogados (ou... ou...), mas todos cientes da missão sagrada de vivenciar e difundir a gostosa e saudável loucura de se reinventar e transgredir a cada dia, a cada lua. E, pois, abram aspas:
Claro que, enquanto *cidadãos de bem* e *defensores da família brasileira* que somos, permitimo-nos o uso de palavras de baixo calão somente em casos excepcionais, e/ou como exercício pleno da nossa expressão mais pura. Que interjeição ou exclamação, por exemplo, é mais clara e direta que um sonoro *putaqueopariu!*?
Mas, com o intuito de enriquecer nosso léxico já tão maltratado, filho bastardo dessa inculta e bela, fica, pois, instituída a mais genuína contribuição de Jacareí não apenas pras letras brasílicas, mas pra todo o mundo, quiçá o universo -- e não poderíamos deixar de registrar tão nobre gesto, digno, naturalmente, do Domun Lolerapa #:
Cultora de um vocabulário à la Rui Barbosa, mas não satisfeita, de lavra própria a digníssima sra. Rose Bicarato cunhou o termo, que carece ainda de um estudo à altura por parte de nossos filólogos e quetais -- interjeição? exclamação? adjetivo? substantivo? ou ainda um vocábulo que transcende a gramática convencional, sendo multicaracterizado como potencialmente detentor, a um só tempo, de todos os atributos de todas as classes gramaticais?
Toda essa verborragia tenta fazer jus a um momento tão solene -- mas apenas tenta, em vão, por maiores que sejam os nossos (parcos) esforços. Resignemo-nos, pois, à grandeza da ilustríssima e nobilíssima sra. Rose Bicarato, e exaltemos sua expressão maior:
*PRETUPITÉRIO*
Que assim seja.
Ou: de como a visão pura (um *belo erro*) da criança de 8 anos ganhou *vida* sob o olhar lúdico e sensível da professora.
# Domun Lolerapa:fui desafiado pelo camarada Luciano Coca a integrar tão ambicioso projeto e, ainda que ciente das minhas limitações, aceitei honrado. Mas, como tudo o que vem de Parahytinga, São Luiz, e de mentes tão inquietas e ébrias como a de cidadãos como o supracitado (típicas, aliás, daqueles rincões), o projeto foi postergado -- ou melhor, foi colocado em algum barril de carvalho pra envelhecer e ganhar aroma e sabor. Enquanto isso, o Coca saiu por aí, tirando retratos e mais retratos do nosso Vale do Paraíba (tenho pra mim que, na verdade, ele foi contratado pra algum projeto secreto do IBGE pra fazer o censo das porteiras por esses sertões nossos). Ah! sobre o Domun Lolerapa, saiba mais aqui.
Se o Vinicius aprovaria ou não, são outros 500... Mas, pra marcar esses 102 anos que ele completa hoje, fiquemos com esse registro de uns dois anos atrás -- compartilho a culpa com os comparsas Alê Freitas e Vivian, no extinto Bar do Mauro. Saravá, Vinicius!
*Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado.*
*Eu sou é eu mesmo. Divirjo de todo o mundo...*
*Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.*
Se há algo que me dá aquela pontinha de orgulho (com toda humildade e com muitas dúvidas se realmente mereço) é ser visto, por muitos amigos e amigas, como uma espécie de *referência* quando o assunto é, nada mais nada menos, Guimarães Rosa.
Mas: *a coragem que não faltasse; para engulir, a pôlpa de buriti e carnes de rês brava*. Foi nessa culinária sertaneja que a caríssima Letícia Massula me *reencontrou*, depois de um bom par de anos (décadas?).
É, pra mim, uma honra sem tamanho, uma *homenagem* que, sinceramente, encaro como uma responsabilidade que, de certa forma, tomei pra mim mas não sei o quanto sou capaz de corresponder. *As coisas assim a gente não perde nem abarca. Cabem é no brilho da noite. Aragem do sagrado. Absolutas estrelas.*
Mas daqui, da telinha do computador, e no meio do asfalto desse sertão urbano, a Letícia resgata os buritis das veredas pra me alegrar o dia. *Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo.*
Ou, ainda: *viver é etecetera*. *O real não está na saída nem na chegada. Ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.*
Só me resta agradecer, de coração, ao carinho e à lembrança da Letícia (e de tantos outros amigos e amigas). E saudar, sempre e mais e mais, o Mestre Guimarães Rosa, eterno nesse universo único que ele criou, mas que criou vida própria e se re-significa a todo momento, nas letras, nas bifurcações desses nossos (des)caminhos, nos redemunhos da vida -- ou numa receita culinária.
*A vida também é para ser lida. Não literalmente, mas em seu supra-senso. E a gente por enquanto, só lê por linhas tortas.*
Ah! E, claro, a receita da Letícia tá lá na Cozinha da Matilde.
E chegou o momento de a Professorinha se aposentar. Mais de 30 anos de labuta diária, muitas vezes com jornadas duplas ou triplas, encarando os queridos *monstrinhos* -- numa conta-de-padaria, foram algumas dezenas de milhares de alunos. No fecebúqui, ela faz um pequeno post-registro, que gera mais de 350 curtidas e um outro tanto de comentários.
Todos carinhosos, como hão de ser, já marcados pelas saudades que a *professorinha paz&amor* vai deixar nas salas de aula -- *vamos viajar de Kombi e curtir a vida de hippie*, promete-e-cobra uma aluna, enquanto outra ameaça: *eu quero a minha professora de volta AGORA!*.
O estereótipo *paz&amor* gerou carinhosamente, por parte dos alunos, o apelido *hippira*, ou *hippie-caipira*, e até um flashmob com um grupo de alunas à caráter [ver aqui] -- sim, a própria Professorinha emprestou seu guarda-roupa pras meninas...
Mas, muito além do visual, o *paz&amor* é de caráter, e um exercício diário, que a garotada reconhece: *que continue ensinando às pessoas aquilo que todos devem saber, afinal esse é o seu dom e não precisa estar só numa sala de aula para ensinar ou aprender*, diz outra aluna.
E, conferindo os comentários que não param de chegar, se emocionando com todos, de repente ela pára em um e se derrama em lágrimas. É de um garoto dizendo que a ama e agradece por ter tido a Professorinha em sua vida, fazendo coro a praticamente todos os outros comentários. Mas ela me explica as lágrimas, provocando também as minhas: o garoto é do tipo problemático, *tranqueirinha*, que já se envolveu com drogas e otras cositas...
A cena ilustra o que sempre moveu a Professorinha: todos os seus anos de trabalho foram cumpridos como uma *missão*, no maior sentido da palavra, voltada aos mais carentes e necessitados. De todos os comentários, é exatamente o de um garoto mais carente (o que o levou a se envolver com drogas etc.?) o que mais a comove.
Isso, entre inúmeras outras qualidades, resume o porquê de eu amar a Professorinha Rose. 'Brigado, minha querídola ;-)
Quem me contou foi o Pedrinho, que é vizinho do cunhado de uma colega de trabalho aqui: ficou sabendo que abriu um barzinho novo e, como bom botequeiro, logo se animou a ir conferir. Naquela noite, um camarada bacana de repertório bacana ia fazer o som lá: falou com a patroa, combinou com uns amigos e lá foram.
Espaço razoável, mas meio *torto* -- nada que exigisse a consultoria de um(a) arquiteto(a), apenas um pouco de bom senso. A decoração, com quadros de Elvis, Marilyn e outros, destoa do nome, que remete à música brasileira (ok, o Pedrinho & cia são ecléticos). Mas o importante é a cerveja: gelada, e umas porçõezinhas honestas. Na somatória, nada comprometedor.
A proprietária, simpática, vem receber a trupe e dar as boas-vindas, sob os olhares curiosos de uma dúzia de clientes, já devidamente acomodados, com a pergunta na testa: *de onde veio esse pessoal?*. Sim, Pedrinho & cia destoavam do público-alvo da simpática dona...
O músico chega, cumprimenta efusivamente os *estranhos*, e a dona orienta que monte o equipamento num canto -- que ficaria invisível pra metade do bar (ó a *tortice* aí...). Por conta própria, e baseado na experiência, o músico sugere outro local -- arrastam-se cadeiras e mesas, coisa normal, ajeita-se aqui e ali, afinam-se instrumentos e microfones.
Na primeira música, o camarada músico dispara, encarando o Pedrinho com a cumplicidade de quem também não se encaixou tão bem no novo espaço:
*Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há?
Foram me chamar
Eu estou aqui, o que é que há?
Ó *Pedrinho* não se zangue...*
Conheço o cara já há umas boas décadas. Figura ímpar, o mineirim sempre se destacou pela inteligência e cultura. Pr'além do jornalismo, outra paixão sempre nos aproximou: literatura em geral, e especialíssimamente o Guimarães Rosa -- de quem ele bem poderia ser personagem.
No feicebúqui, o cabra não perdoa e dispara críticas ácidas pra todos os lados. Mas ele tem outra *vertente*, um pouco mais restrita a quem é mais próximo, que revela às vezes num simples e-mail e comete pérolas como essa:
*...quando moleque, na fazenda dos catonho, vi um aviso no muro de pedras que forma o curral mais lindo do mundo: "o curral tá barrido". e tava mesmo tão bem varrido que nada, ainda, conseguiu varrer o escrito da memória...*
Falo, claro, do meu caro cara Rai. Sempre o provoquei e cobrei pra que escrevesse mais, soltasse a pena, compartilhasse esse dom. Agora, de volta às origens e lá do refúgio dele na roça de Passos (MG), os papos se escassearam mas, sempre que vai à cidade, corre pra alguma lan-house e, devidamente conectado, manda notícias.
Ontem, tarde da noite, tava nós no proseio. Cobrei mais uma vez que escrevesse mais. Ele:
mas eu escrevo, uai. todo dia. é uma sarna. falar em sarna, peguei um berne no umbigo, o trem estufou, virou uma barriguinha, pontuda. parece gravidez. vai nascer um um troço da minha barriga.
...
hoje eu tentei abortar a larva de mosca varejeira que me fez mal, acho que matei a pobre da criatura lá dentro do casulo dela, agora vou ter que esperar a barriga fazer fagocitose e aproveitar as proteínas da bagaça.
...
eu tou matutando tudo, e fazendo uns vomitórios. vou te mandar uma histórias das galinha da angola que tou terminando.
...
eu tou demorando porque foi um caso acontecido na semana passada. tá recente ainda, tem que esperar o sol secar, como diz minha tia.
...
tou terminando a conversa com as angolas, e elas falam um idioma diferente das galinhas caipiras, inté.
...
vou te mandar o ovo que acabei de botar.
E aí, pouco antes da 1 da madruga, ele manda e-mail (com outra versão corrigida, enviada às 4:45 da matina). Leio, deliciado, e vou dormir com os sons do Rosa tilintando na cachola. Mas, chega! Vê se não é pra ficar ansioso e cobrar pra que o cara solte o verbo:
A galinha, e o ovo
Arrependimento não mata a gente. Mas em alguns casos devia, pelo menos, causar uma dor qualquer. Em qualquer canto do corpo. Arrependimento devia acontecer antes de ocorrer. Uma paralisia que impedisse senão os atos, os desatinos.
Dias aí para trás, entrei em casa alegre como um galo. Anunciando um grande achado, o ninho das galinhas da angola. Delas que vieram da África ocidental nas naus portuguesas no escuro dos tempos e que ainda agora não se deixam cegar por tão clara domesticação como fazem suas parentes caipiras, trazidas de outros continentes.
Em vez de ostentar valentia nos ringues e se desavergonhar nos terreiros por conta de reles sementes do milho que nem conheciam, as angolas não se amansam nunca de vez. Nunca que entregam seus ovos ao calor de ninhos alheios.
Como ouro, elas os botam amoitados no meio da terra, protegidos nos sujos dos matos, disfarçados, e, quando querem, os trazem já transformados, caminhando nos seus luzidios próprios pezinhos alaranjados, piando baixinho, em bando de ressabiadas angolinhas, todas mais ou menos iguaizinhas, com biquinhos de pardais, com costas listradas. E ariscas. Nunca se arriscam tanto feito qualquer afoito pintainho que vai parar em bocas de rapina.
E o ninho tava bem ali, na mais alta moita entre as sobradas no quintal depois da aração que entregou todo o terreno a plantas recém nascidas, e ao desabrigo.
Órfãs do mato havido em volta, se refugiaram em meio às infantes abobreiras, de rama rala. Cobertura pouca pra tanto instinto.
Descobertas em plena desova, um par de angolas soou o alarme num alvoroço desconhecido, tirado fundo de sua diversa língua. Forte feito um dueto, dolorido e desesperado. Coro diferente da fraqueza tão conhecida de seus pios que sempre parecem tão fracos, tão fracos, tão fracos.
E o ouro cega. E dúzia e meia dos ovos que lá se achavam logo se iam para a cozinha, junto dos outros, de outras galinhas.
Fosse só isso e o caso se acabava. Em omelete, massa de pão de queijo, bolo e óleo quente de frigideira. Mas no caminho do ninho à casa, uma angola, ao pé da porta, em pose ereta, levantada em um desajuste, me aguardava, valente como os ancestrais. E antes que eu entrasse, com sua prole mal terminada, entregou, a mim, à míngua, um ovo, como fosse por troca, dos outros.
Deixou no chão, de pressa, um ovo mole, sem casca, ainda por se fazer. Um ovo altivo, soberbo de tanta luta, de tanta dor. Duro como um desalmado. Ganhei os ovos. Peço um perdão.
Contei e recontei esse causo dezenas de vezes nos últimos dias. Mas não tive a sensibilidade que a Chris Ramsthaler exprimiu, e na verdade (apesar da surpresa do encontro e da receptividade) reforçam mais ainda a dimensão do carinho e da presença marcantes do seu Toninho -- é, meu pai --, tão significativos e vivos que perduram por décadas e mais décadas.
E fico cá matutando sobre como e porque *acasos*. Como disse Guimarães Rosa, *quando nada acontece há um grande milagre acontecendo que não estamos vendo*. E pessoas são elos e instrumentos pra que esses milagres aconteçam. Apesar das minhas trapalhadas, a querídola Rose ficou firme e fomos conferir o show do Paulinho Pedra Azul, a convite e com a participação do camarada Tuia. Além do nosso menestrel Déo, ainda tivemos o prazer de conhecer outra *lenda*, o Tavito.
Mas, além do show, valeu muito também por ter conhecido a Chris -- segue o relato dela:
Acaso?
Não posso acreditar em acaso quando falamos de encontros inesperados.
Sim, tive uma surpresa muito grande há uns dias. Show de Paulinho Pedra Azul, em S. Paulo, Bar Ao Vivo. Um bar em S. Paulo... quantos bares, quantos shows, em S. Paulo!
Quantas vezes queremos ver vários e nem conseguimos porque os espetáculos coincidem em dia e hora.
Pois bem! Escolhemos assistir a esta raridade, Paulinho Pedra Azul em Sampa!
Casualmente encontramos Deo Lopes (que não víamos já há alguns anos) poeta-cantor. Sentou-se conosco.
Aí, a surpresa maior nos aguardava, sem que a pudéssemos pressentir.
Tive um amigo, muito amigo, no segundo emprego da minha vida, lá se vão décadas! Saí da empresa, tive outras atividades, o tempo passou... Um dia resolvi procurar esse amigo aqui no facebook. Acabei por encontrar um filho dele, que me passou o e-mail do pai. Começamos uma correspondência por e-mail, porque ele não tinha perfil no face. Conversamos muito. Trocamos notícias, alegrias e tristezas, o que é normal na vida de todos nós. Ele, então, estava trabalhando em Brasília.
Com o decorrer do tempo e de tantas outras coisas que me exigiram dedicação total, parei de escrever para ele. Deixei 'de lado' vários amigos, vários encontros programados, por quase 2 anos. Simplesmente não consegui dar conta de tudo, embora grandes amizades, sem dúvida, mereçam nossa total dedicação.
Alguns dias antes do tal show, comecei a pensar muito naquele meu amigo e dizia para minha filha: preciso escrever para o Antonio. Repeti isto várias vezes! Mas não escrevi.
Voltando ao show, o Deo Lopes viu um amigo dele chegando e tratou de conseguir que ele se acomodasse na mesa ao nosso lado. Feitas as apresentações, a surpresa: Paulo Bicarato. Feliz com a coincidência do sobrenome, perguntei se conhecia o meu amigo Antonio. Prontamente disse: meu pai. Só que ele se foi, há 2 meses!
O ambiente, logicamente, não era propício para grandes manifestações de pesar. Só consegui dizer: É...? Que pena!... A tristeza, guardei dentro de mim.
Assim, mais uma vez, não posso acreditar no acaso. Aquele amigo que se fazia presente em meus pensamentos naqueles dias, me mandou alguém muito próximo para me dar a notícia de sua partida. Apesar de tudo, num momento de alegria. Paradoxos da vida!
Só sei dizer que quero muito encontrar novamente vocês, Paulo Bicarato e família.
Surge um moleque, do nada, e se aboleta numa árvore. Por sorte ou azar, foi escolher logo um bairro nobre, próximo a um shopping. Dão-lhe o apelido de menino-passarinho -- ele sonha em ser mágico, *daqueles de baralho*.
Mas o moleque incomoda: chegam a sugerir que *derrubem a árvore para ver se ele vai embora*, sofismam tentando esconder o olhar sanitarista (*não existe preconceito em relação a ele, o problema é a atitude que ele tem* -- que atitude?).
*De onde eu venho todo mundo vive em árvores, moça. E eu já morei em outra dessas no fim da rua. Escolhi esta aqui porque testei e nela foi mais fácil colocar minha coisas.* Mas ele também angaria a simpatia de alguns (ainda que minoria, criam um cinturão de proteção), e ganha alimentos, roupas, sobras dos outros. Com duas garrafinhas de refrigerante pela metade, ele divide seu nada com a repórter: *pode levar essa, moça; uma só já dá pra mim*.
Se ele voou do Rio pra Sampa só pra nos dar uma lição, fez muito bem feito. 'Brigado, Passarim!
*Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!* >> Mário Quintana
O causo tá aqui, e o final feliz, aqui.
Segundo clichê: comentário do seu Toninho, mais conhecido como *meu pai*:
Esqueçamos tudo e fiquemos com o "final feliz".
Prova de que Deus ainda não se esqueceu do mundo é que para um "Pio de Almeida" mais um que outro morador da Veiga Filho, o "Menino-Passarinho" encontrou Marias Nilzas, Dulces Santucci, Lucianas Sodré, Marias Rosálias, Gabrielas Nunes, Eduardos Lemos e Nicks Ayer.
Estes podem ter certeza: no dia que "partirem daqui" farão parte da linha de frente da "Unidos da Veiga Filho", mas não cá em baixo. Lá em cima.
Terceiro clichê: Nicolau, Belisa, Gabi, Eduardo, Rosália, Luciana, Cauê e Tamiê: eis as mães e pães do Gabriel, o menino-passarinho -- a história tá aqui.
Direto de Passos (MG), mas via Sampa, o copoanheiro Rai manda a homenagem pra Dona Çote, tia dele -- e, com certeza, *tia* de muita gente por lá... As Minas, e o mundo, ficam menos doces, mas deixam doces lembranças.
:: Dona Çote ::
Um trago amargo
inunda o mundo
a cada vez que
morre
uma doceira
em Minas.
Ficam órfãos os filhos,
sobrinhos, netos, bisnetos,
as frutas e os tachos.
Perdem-se todos
os pontos.
Perdem-se as línguas.
Amolecem-se
os mármores
de cortar pedaços.
Choram torneiras
para dentro dos sacos
eternamente brancos
de se lavar
cidras amarguradas.
Suspendem-se
descalços
os pés de todos
os moleques.
Dessaborizam-se
os sonhos infantis.
Mela-se o voo das
abelhinhas,
perdidas,
em derredor.
Atordoam-se as
chaminés,
sufocam-se as
fornalhas e
entristecem-se as
escumadeiras.
Entardecem-se os dias
sem doçuras.
Deus devia
deixar a elas
que também
vivessem para
sempre
aqui na terra.
Iguais as
lembranças suas.
Chapéu de palha, o indefectível cigarrinho também de palha, o cavanhaque e o rabinho de cavalo (também parecendo de palha), o inquebrantável bom humor mesclado à indignação pra com as injustiças sociais, a eterna militância pelo bem, pela beleza ética e estética. O retrato é simplório, sei, mas resume como eu sempre o vi -- e, claro, junte-se aí o fato de o camarada ser um cantor e compositor de primeira linha, mais um contadô de causo de uma memória privilegiada, e temos um figura ímpar: Pérsio Assunção.
*Ô, meu chapa!* A saudação sempre vinha acompanhada do abraço sincero e do sorriso bonachão. Bom de papo e de copo, não recusava um convite pra cerveja (sempre meio-quente, pra não ferir as cordas vocais) e a cachacinha, de preferência num boteco pé-sujo. Há pouco mais de um ano, mudou-se pra Ubatuba, *pra ficar pertinho da mãe* -- desde então, não foram poucas as vezes em que me ligava, nos horários e dias mais improváveis, só pra dizer que estava admirando o mar e tomando uma cervejinha: *lembrei docê, cabôclo*. (Fosse outra pessoa que ligasse no horário de trabalho, diria que é provocação; mas no caso do Pérsio era mesmo uma espécie de *cobrança* por eu só ficar adiando uma descida da serra...)
Comigo com a *chefinha* Nydia, também na Beira do Riacho
Paulistano da Freguesia do Ó, veio aqui pro Vale do Paraíba em 1986. Em mais de 20 anos de carreira, viajou e mochilou pelos vários *Brasis*, como gostava de falar. Desceu o Rio São Francisco e andou pelo sertão nordestino, percorreu a Amazônia desde a Ilha do Marajó até o Acre. Cantou pelo Pantanal e pelos Pampas Gaúchos, além de atravessar fronteiras e levar sua música e sua prosa pra Buenos Aires, Assunción e várias cidades da Bolívia e do Peru (Puno, Cuzco e Puerto Maldonado, na Amazônia peruana).
Em São José dos Campos gravou, em 1990, o disco (LP) *Língua de Violeiro*, com a participação de 25 artistas da região como músicos convidados. Mudou-se para Curitiba em 1993, onde viveu até 2003, quando retornou pro Vale. Ficou fora dos palcos por uns tempos, quando trabalhou na Fundação Cultural de Curitiba, Fundação Cultural Cassiano Ricardo (de São José dos Campos) e Fundação Cultural de Jacarehy. Mesmo com a insistência dos amigos, só foi montar seu último espetáculo em 2010, *Meio amargo/Meio doce – Causos & Cantoria*, em que interpretou composições antigas e inéditas de sua autoria, além de músicas de outros compositores, como *Lua Bonita*, de Zé do Norte e Zé Martins (que foi tema do filme *O Cangaceiro*, de 1953), e ainda *Amor de Beija Flor*, de Carlos Alberto Leal, o Cal.
Apreciando, como sempre, uma boa cachaça
Apesar de toda essa rica carreira, o Pérsio é daqueles que mereciam um reconhecimento maior. Esse privilégio (ou dever!) ficou pros amigos, que ele sempre alimentou fielmente. Mas que ninguém o convidasse pra tocar e cantar e contar causo num boteco ou numa festa: orgulhoso e ciente do potencial, se recusava a ser um mero *animador de ambiente* -- quando se apresentava era pra ser ouvido e apreciado e degustado, como mesmo era pra ser.
Na quarta-feira, dia 6, o Pérsião foi cantar e contar causo em outras paragens-dimensões. Dono de um coração enorme, foi vítima desse mesmo coração que talvez não encontrasse por aqui o carinho correspondente ao que dedicava aos amigos e à sua arte. Deixa saudades, muitas saudades, mas também o exemplo de alegria contagiante e de amor à nossa cultura mais pura, sem deixar de lado sua erudição e formação musical. O Brasil ficou menos melodioso.
'Brigado, meu chapa! De coração!
= = =
Com vocês, um pouco do nosso querido Pérsio:
Aqui, na Rádio Aguapé, com o Cesinha:
E, pra copletar, uma entrevista (dois blocos) à TV Câmara de Jacareí, feita pelo Rodrigo Romero:
E uma reportagem sobre o cantadôe suas andanças por esse Brasilzão-sem-frontêra:
Família grande, nove filhos, sabe como é, né? Travessuras (eu ia dizer *sacanagens*) e briguinhas e perrengues entre a filharada são parte do dia-a-dia, mais frequentes que o arroz-com-feijão. Em tempos difíceis, então, a disputa pelo melhor pedaço do frango (quando havia...) ganha contornos épicos, com pitadas cômicas -- isso quando não quase trágicos.
A criançada vai crescendo, e as *artes* vão naturalmente ficando mais elaboradas, num processo lúdico de sobrevivência e criatividade pra superar determinadas carências. Uma das filhas, já moçoila, descobre que a autoestima faz bem e descobre o sentimento de orgulho e satisfação quando consegue, a muito custo e à custa do próprio suor, comprar suas coisinhas básicas. E, mais ainda, quando se dá o direito de um simples desodorante, por exemplo. Um artigo de luxo (e olhe que é daqueles de tubinho, dos mais simples, nada de spray ou aerossol), que ela usa com parcimônia pra render o máximo possível.
Um dos pirralhos mais novos, claro, tem que dar o ar da graça e meter o bedelho nas coisinhas dela. Uma das fixações do moleque: exatamente o desodorante -- é só ela dar uma vacilada que lá vai o *meliante* di-menor surrupiar o desodorante, encharcar-se e levar a mocinha ao desespero.
Todos foram criados na mesma *escola*, e o moleque sabe que vai ter troco. Num dia em que se depara com o tubo do desodorante vaziinho-de-tudo, quase que sem nem o cheirinho, a mocinha vai à forra: reenche o tubinho com uma mistureba de óleo, vinagre, pimenta, água sanitária e sabe-se lá mais o quê, deixando pronto pro moleque um negócio fedido de doer, mas já saboreando a vingança.
Só que... bem, as coisas não acontecem exatamente como planejadas. Naquele dia, naquele fatídico dia, é a mãe quem *empresta* o desodorante...
(Menos mal que, já que não era acostumada a usar esses trem, a mãe mal se deu conta das axilas lambuzadas e da roupa manchada.)
[Causo eminentemente fictício. Qualquer semelhança com personagens reais é pura coincidência.]
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